
Interlocutores do Palácio do Planalto informaram na noite de ontem segunda-feira (14) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajará a Brasília, na manhã de hoje terça ou quarta-feira, para discutir com a presidente Dilma Rousseff a melhor forma de assumir uma pasta do chamado núcleo duro do governo: a Casa Civil, ocupada por Jaques Wagner, ou o ministério da Secretaria de Governo, comandada por Ricardo Berzoini.
A decisão de Lula de avançar na discussão sobre sua participação direta no governo, ganhando foro privilegiado, acontece no mesmo dia em que a juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira mandou o processo de Lula para o juiz Sérgio Moro, na Operação Lava-Jato. Lula vai apresentar condicionantes para entrar no governo. Uma delas é a mudança da política econômica. A condição não passa por troca do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, mas por uma política mais frouxa de ajuste e que seria “mais focada na retomada do crescimento”.
O mais provável é que Lula deve aceitar comandar a Secretaria de Governo, onde assumiria a articulação anti-impeachment. Embora seja mais forte, a Casa Civil tem atribuições mais burocráticas.
Desde cedo o ministro Jaques Wagner anunciou que o Planalto aguardava a resposta do ex-presidente Lula. A dificuldade é convencer a opinião pública de que Lula está indo para o entorno de Dilma para ajudá-la, e não para fugir de Moro, que tem sido muito rigoroso no comando das investigações da Lava-Jato.
A oposição reagiu à possibilidade de nomeação do ex-presidente. O líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM), disse que já está pronta a ação popular pedindo a suspensão de uma eventual nomeação do ex-presidente Lula como ministro.
– É um escárnio, um tapa na cara do povo. O Lula deve aceitar para fugir do juiz Sérgio Moro e blindar a sua família. Ao fazer isso, o PT se antecipa ao impeachment, porque a presidente Dilma viraria rainha da Inglaterra. Mas isso vai colocar combustível na situação do Palácio do Planalto – disse Pauderney Avelino.
– Nomear Lula seria uma ação ilícita, espúria. A presidente que dizia que jamais interferiu e nem interferiria na Polícia Federal e no Ministério Público. Se isso se confirmar, vamos entrar com uma ação popular em todos os estados para exigirmos a nulidade deste fato. Diz-se que rico, quando rouba, vai para o ministério. Ele (Lula) seria réu confesso – disse Caiado.
Fonte: O Globo