Passado – Descoberta arqueológica no sul do Piauí revela sociedade indígena com domínio em tecelagem
Um esqueleto encontrado durante escavações no sul do Piauí dão indícios de que indígenas dominavam a técnica da tecelagem.
A descoberta foi feita por arqueólogos da Universidade Federal do Piauí (UFPI), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) no Parque Nacional da Serra das Confusões.
Eles identificaram vestígios relacionados à fabricação de fibras e/ou tecidos utilizando algodão nativo. O achado arqueológico permite maior compreensão do processo de manufatura desses materiais.
O que havia no achado?
O esqueleto exumado pertenceu a um indivíduo adulto do sexo masculino, sepultado com dois braceletes e um colar, feitos a partir de contas de ossos polidos manualmente.
Segundo os pesquisadores, esse tratamento remete a uma fórmula indígena de sepultamento “formal”.
Relações sociais
A coordenadora do Laboratório de Osteoarqueologia da UFPI, professora e bioarqueóloga Claudia Cunha, ressaltou a importância dessas descobertas para compreender não apenas como eram essas pessoas em vida, mas também as relações sociais nas comunidades em que habitavam.
Para o professor Gregoire van Havre (UFPI), as descobertas arqueológicas recentes também oferecem importantes indícios acerca da cultura presente na região sul do estado.
“O que encontramos sugere uma população indígena com o domínio tecnológico da tecelagem. É mais um indício da presença, não de grupos isolados, em migração sazonal, mas de uma sociedade complexa ocupando o sul do Piauí”.
Além de esqueletos
As escavações em Serra das Confusões começaram em 2019 e têm revelado avanços constantes. Além de esqueletos, as equipes encontraram arte rupestre, fogueiras estruturadas, restos de construções indígenas e objetos cotidianos. Essas descobertas contribuem significativamente para o entendimento da história da região.
A próxima etapa das pesquisas inclui a datação por carbono-14 de um osso coletado em 2022. A análise já está em andamento no Laboratoire des Sciences du Climat et de l’Environnement, na França, sob a responsabilidade da professora Christine Hatté.
A expectativa é que essa datação também forneça informações valiosas sobre a antiguidade do sítio arqueológico.